terça-feira, 15 de novembro de 2011

Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos no encerramento da Cimeira da SADC

SUA MAJESTADE REI MSWATI III DO REINO DA SWAZILÂNDIA,

SUAS EXCELÊNCIAS
CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DOS PAÍSES
MEMBROS DA SADC,

DIGNÍSSIMOS MINISTROS E MEMBROS DO CONSELHO DE
MINISTROS DA SADC,

ILUSTRES CONVIDADOS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,


É com redobrada esperança nos destinos da SADC que vamos dar por encerrada esta Conferência Cimeira.


Os seus trabalhos decorreram num clima de harmonia e grande compreensão e prevaleceu o entendimento em todas as matérias
discutidas, as quais são fulcrais para a consolidação e crescimento da nossa organização regional.


Devo ressaltar que mostrámos uma vez mais a todos que para nós é fundamental a unidade de pensamento e de acção dos Estados
membros da SADC e que sabemos quais as vias para atingirmos o que queremos. Identificamos já quais são os obstáculos
endógenos e exógenos que impedem a nossa marcha rumo à integração económica e ao desenvolvimento.


Reafirmamos a nossa vontade política e agora temos de ter perseverança e destreza para a concretização dos nossos Projectos e Programas.


A República de Angola assume a presidência da SADC num período, durante o qual se impõe uma reflexão séria sobre o
escalonamento da execução dos nossos objectivos e metas no processo de integração económica regional.


Na verdade, temos que ter em linha de conta que estamos perante um processo de integração regional que se realiza a diferentes
velocidades e que assenta em estruturas económicas e produtivas em diferentes estágios de construção e transformação.


A SADC não é ainda um espaço económico homogéneo, mas sim diferenciado, no qual os efeitos benéficos do crescimento económico podem ser absorvidos pelos países com mais elevados índices de desenvolvimento económico, se não forem
estabelecidas regras adequadas.


Por essa razão, neste processo de integração, devemos acautelar as diferenças estruturais, sociais e de ritmos de crescimento
existentes entre os nossos países, pois, de outro modo, corremos o risco de aprofundar ainda mais estas diferenças, com
consequências perniciosas como o desemprego e a pobreza.


No mundo actual, não é difícil concluirmos que os processos de integração económica são sempre e em quaisquer circunstâncias
complexos, tendo em conta que as condições gerais de vida das populações, a pobreza e a distribuição de rendimento, são
aspectos com origens e contextos bem diferenciados.


Assim sendo, não é difícil concluir que o simples livre comércio, ainda que promova o crescimento das economias, é, por si só,
insuficiente para dar solução aos imensos problemas sociais.


Nós na SADC devemos fazer prevalecer a visão de um futuro comum, baseada num desenvolvimento sustentado e socialmente equilibrado, susceptível de promover a competitividade e a participação na globalização; de facilitar o movimento de capitais, pessoas e bens; de aglutinar os diferentes padrões culturais e de potenciar a valorização dos recursos humanos.


Neste sentido, a presidência da SADC propõe-se, durante o seu mandato, realizar as seguintes tarefas:
-Consolidar as bases da integração regional, através do desenvolvimento de infra-estruturas do comércio e da liberalização
económica;

- Proceder à revisão do Plano Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP)
-Implementar uma Estratégia de Financiamento do Fundo de Desenvolvimento Regional e a sua operacionalização para a
preparação e desenvolvimento de Projectos de Infra-estruturas;


- Implementar o Observatório Regional da Pobreza da SADC
- Incrementar o combate e controlo das doenças transmissíveis, nomeadamente: HIV/SIDA, malária e tuberculose;
-Materializar programas para a gestão conjunta de recursos naturais transfronteiriços, com ênfase para as Áreas de
Conservação Transfronteiriças;
- Conceber um Programa de Desenvolvimento Industrial;
-Implementar o Centro de Coordenação de Pesquisa Agrícola e
Desenvolvimento;
-Contribuir para a resolução pacífica dos conflitos remanescentes na região e para a consolidação da paz, da segurança, dos Direitos
Humanos e da Democracia ao nível da SADC.


Estes são os aspectos sobre os quais queremos incidir primordialmente a nossa acção, a fim de obtermos uma convergência real mínima como condição para o sucesso da nossa integração.


É nosso entendimento que a integração que almejamos depende muito mais dos esforços internos de cada um dos nossos países
nos domínios da reconstrução, modernização e estabilização do que da intensificação das trocas comerciais em mercado aberto.


É com esse pressuposto que propomos o estabelecimento de metas nacionais fundamentais para a convergência, em aspectos
como a industrialização, a diversificação produtiva, a bancarização das economias, o desenvolvimento de infra-estruturas (estradas,
pontes, caminhos de ferro, telecomunicações, centrais de armazenamento, circuitos de distribuição e comercialização, etc.) e
também na educação, na investigação, no investimento tecnológico e na consolidação macro-económica.


Importa reconhecer que a integração regional exige que os programas nacionais de construção de infra-estruturas devem
convergir, o mais possível, com as necessidades regionais.


De facto, a convergência passa pela interligação aos outros países da região dos sistemas de transportes internos e das vias de
comunicação, que ajudam a integração nacional e o crescimento de cada país.


Esta Cimeira enfatizou que o desenvolvimento das infra-estruturas é a via incontornável para consolidar as bases de integração
regional.


Por outro lado, o surgimento das infra-estruturas estimula o investimento e o comércio no mercado interno e regional.


Há que definir políticas orientadas para a atracção do investimento para o desenvolvimento agrícola e industrial, priorizando a
promoção de pequenas e médias empresas, destinadas à produção competitiva de bens e serviços para o mercado regional.


Estas empresas criam empregos e riqueza e contribuem para a redução da pobreza e para a segurança alimentar e nutricional.


A questão da preservação do ambiente vai figurar igualmente no centro das nossas atenções, a fim de que o crescimento económico não se converta na destruição do nosso património natural, que temos a obrigação moral de transmitir às gerações vindouras.


MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,


Todas as deliberações que adoptámos, por melhor que sejam os nossos programas, não poderão ser integralmente materializadas
se não contarmos com a participação da sociedade civil.


Vamos pugnar por um maior envolvimento dos actores não estatais na actividade da SADC já que eles constituem, de facto, parceiros
imprescindíveis para a aplicação do nosso Programa de Acção.


Outras condicionantes para a implementação deste Programa são, sem dúvida, os de natureza financeira e de recursos humanos que, se não forem resolvidos, poderão comprometer este nosso grandioso projecto de integração regional.


Esta situação exige um maior esforço dos Estados membros, com vista a garantir que a organização disponha de recursos financeiros e humanos necessários.

EXCELÊNCIAS,


Há muito que concluímos que a paz e a segurança constituem a trave mestra para edificarmos o projecto de integração regional.


A nossa Comunidade tem prestado uma atenção particular às situações reinantes no Zimbabwe, em Madagáscar e na República
Democrática do Congo, com vista a encontrarmos uma solução a contento pela via do diálogo, que garanta de facto a estabilidade, a
paz e a segurança de cada um destes países.


A SADC tem por obrigação fazer prevalecer a velha máxima que afirma que é através do diálogo que os homens se entendem e
que o recurso à violência e à guerra só causam prejuízos incomensuráveis a qualquer Nação.


Esses países, sendo Estados democráticos, devem criar condições para que o poder político seja conquistado ou preservado através de eleições livres e justas.


Preocupam-nos também, por outro lado, as situações de conflito existentes noutros pontos do nosso Continente, em particular na
Líbia, onde continua a ser difícil encontrar uma saída para a situação de guerra que o país enfrenta.


Aqui a OTAN deve cessar a sua intervenção militar e abrir espaço para a negociação de uma solução política pelas partes
beligerantes sem pré-condições, adoptando o ‘road-map’ proposto pela União Africana.


Temos igualmente de prestar atenção e exprimir a nossa solidariedade para com o povo da Somália, aliás a declaração aqui
efectuada refere, que há dezenas de anos vive um conflito militar agravado agora com o problema da fome.


Encorajamos a Comunidade Internacional a intensificar os seus esforços para canalizar mais ajuda humanitária, que permita
atenuar o sofrimento das populações, em particular das crianças, que vivem aquela situação dramática.

EXCELÊNCIAS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,


Finalmente, apresento os meus agradecimentos por terem participado nesta Cimeira e, sobretudo, por terem dado um
excelente contributo para chegarmos a tão ricas conclusões.


Reitero também os meus agradecimentos por confiarem à minha pessoa e ao meu País a Presidência da nossa Organização.


Os meus agradecimentos são ainda dirigidos a todos quantos estiveram envolvidos na organização desta Cimeira, assegurando
que a mesma fosse um êxito.

Muito obrigado!

Discurso do Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, na qualidade de Presidente em Exercício da SADC

SUA EXCELÊNCIA HIFIKEPUNYE POHAMBA,

PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA NAMÍBIA E PRESIDENTE
EM EXERCÍCIO CESSANTE DA SADC,

SUA MAJESTADE
REI MSWATI III DO REINO DA SWAZILÂNDIA,

SUAS EXCELÊNCIAS
CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DOS PAÍSES MEMBROS DA SADC,

DIGNÍSSIMOS MINISTROS E MEMBROS DO CONSELHO DE
MINISTROS DA SADC,

ILUSTRES CONVIDADOS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

A República de Angola tem a honra de acolher pela segunda vez na sua história uma Cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Decorridos nove anos desde a Cimeira passada, muitas mudanças se tornaram perceptíveis, tanto no nosso país como a nível internacional. No caso de Angola, graças ao fim do conflito militar, as transformações ocorridas foram obviamente positivas.

Alguns exemplos o atestam: a taxa de crescimento da economia do ano transacto foi de 3,4 por cento e a prevista para o ano corrente é de 7,5 por cento; a inflação teve uma redução drástica
de três mil por cento para os actuais 14,13 por cento, estando prevista para este ano a meta de 12 por cento; o investimento público e privado aumentou, foi feita a recuperação e construção
de infra-estruturas no domínio das estradas, dos caminhos de ferro, da energia eléctrica e do abastecimento de água potável e houve uma melhoria significativa do nosso índice de
desenvolvimento humano.

A nível internacional, durante o período em referência, diversos acontecimentos acabaram por marcar pela negativa os nossos países.

De entre eles destaca-se a crise económica e financeira que persiste até hoje, sem que se vislumbrem sinais para o seu termo, havendo mesmo quem vaticine a probabilidade de ocorrer um novo período de recessão.

Para além dessa crise, que acaba por condicionar sobremaneira as nossas economias, sobrevieram outros fenómenos negativos que não podem deixar de preocupar a nossa Comunidade.

São eles os conflitos militares, alguns dos quais em África; as convulsões de natureza social e política no Norte de África e no Médio Oriente, que agora também têm lugar na Europa; o tráfico ilícito de drogas e de órgãos humanos e os actos de terrorismo.

É este contexto difícil e demasiado complexo que nos impõe a necessidade de preservarmos a unidade e de junto caminharmos, a fim de cumprirmos o objectivo de fazer da região austral do
nosso Continente uma zona exemplar de paz, segurança, prosperidade, desenvolvimento, democracia e justiça social, onde cada cidadão se possa sentir verdadeiramente realizado.

Apesar das dificuldades e vicissitudes de diversa índole que em conjunto, ou por razões de ordem estrutural, afectaram um ou outro dos nossos países, a nossa Comunidade de Estados tem sabido actuar com parcimónia, vontade política e espírito construtivo, de forma a evitar que litígios e conflitos internos tivessem degenerado catástrofes humanas de grande dimensão e de consequências sempre imprevisíveis.


EXCELÊNCIAS,

A nossa Comunidade já percorreu uma longa trajectória, desde o tempo dos Países da Linha da Frente, e soube sempre ultrapassar as muitas provações e adversidades com as quais se confrontou, graças à dedicação dos seus actuais líderes e dos seus dignos antecessores e ao espírito de sacrifício e abnegação dos nossos Povos.

Somos uma Comunidade de quinze nações que soube encontrar uma plataforma comum de cooperação através de valores partilhados e de um destino comum, cimentados por um legado
histórico de luta e de afirmação de independência.

Aproveito esta ocasião para felicitar a Namíbia, na pessoa do seu Presidente, Sua Excelência Hifikepunye Pohamba, pela liderança exemplar demonstrada na qualidade de Presidente da SADC durante o ano transcorrido, bem como o Senhor Presidente da Zâmbia, na qualidade de Presidente do Órgão de Cooperação Política de Defesa e Segurança.

As suas realizações proporcionaram, sem dúvida, as condições para que a nossa organização tenha dado mais um significativo passo em frente na sua trajectória.

Integra-se nesse processo de evolução da nossa Comunidade a revisão em curso do Programa Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP), que nos irá permitir redefinir
as nossas prioridades em termos de programas e projectos, que certamente irão modelar o nosso trabalho e em última análise influenciar a qualidade de vida dos nossos cidadãos.

Esta iniciativa poderá ser precursora de um novo paradigma, com base no qual a SADC passará a operar para alcançar os seus nobres objectivos.

Precisamos, de facto, de elevar a SADC para um novo patamar, de modo a tornarmo-nos parte activa do desenvolvimento de África e do mundo.

Para que tal possa ocorrer é estritamente necessário que a nossa integração seja sustentada e equilibrada, por forma a influenciarmos uma nova ordem económica em que os legítimos
interesses de todas as Nações sejam respeitados e tidos em consideração.

Ao revermos o Programa Indicativo Estratégico do Desenvolvimento Regional (RISP), que constitui o núcleo do Programa de Acção da SADC, deveremos necessariamente adequar os nossos procedimentos reestruturados em 2003, de modo a obtermos melhores resultados em termos de custos e benefícios.

Impõe-se também que tenhamos em conta os défices existentes nas balanças comerciais dos Estados membros, dado que eles se encontram na base da migração desequilibrada de mão-de-obra e das diferenças de migração da força de trabalho em geral e dos quadros em particular.

Isso só pode ser alcançado através do aumento da competitividade de cada Estado, prestando-se a devida atenção ao necessário equilíbrio entre os interesses colectivos e os interesses próprios de cada país membro da SADC.

Angola está naturalmente interessada em fomentar o desenvolvimento de infra-estruturas que constituam de facto um estímulo adicional para o crescimento económico e, especialmente, para o investimento e o desenvolvimento do comércio.

Neste sentido, a concretização do Plano Director de Infra-estruturas da SADC afirma-se como uma prioridade, por forma a colhermos vantagens dos imensos recursos naturais e das vastas extensões de terra férteis para a agricultura e o desenvolvimento agro-industrial, em benefício dos nossos Povos.

EXCELÊNCIAS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

É inquestionável que a nossa decisão, tomada em 2006, de incrementar a integração económica e regional está a produzir os seus frutos, pois até ao presente já está em vigor a Zona de Comércio Livre da SADC e estamos com intenções de avançar rumo à grande Zona de Comércio Livre da COMESA- EAC-SADC, que integra o Leste de África e a África Austral.

Temos em mente que a integração continental constitui o objectivo final da nossa acção.

Por essa razão, temos trabalhado com grande sentido de responsabilidade, de harmonia com o tratado de Abuja e com o Plano de Acção de Lagos.

Não obstante os grandes passos que estamos a dar nos mais distintos domínios da integração, não podemos descurar a complexidade e as condições concretas desse processo e outras
peculiaridades, incluindo as assimetrias numa ou noutra esfera, que necessitam de ser esbatidas e que nos levam a aceitar com pragmatismo uma integração gradual.

O efeito dominó a que estamos a assistir nos países que integram a União Europeia, num espaço mais homogéneo e mais desenvolvido e cujas nações já percorreram um caminho mais longo de consolidação, deve levar-nos a reflectir e a adoptar atitudes e decisões mais ponderadas, de modo a que cada passo nosso traduza de facto a firmeza e robustez do nosso processo de
integração e seja capaz de incentivar sem receios o passo seguinte.

Cremos ser importante reter que não obstante os desempenhos positivos das nossas economias e do processo de integração da nossa Comunidade, não nos podemos alhear do facto de
estarmos todos inseridos, de modo mais ou menos directo, na economia mundial e sujeitos, por conseguinte, aos seus efeitos.

É com redobrada satisfação e sentido de responsabilidade que aceito assumir os destinos da nossa organização de integração regional, ciente dos inúmeros desafios a que teremos de fazer
face, mas com a certeza de que, com o vosso apoio e solidariedade, encontraremos sempre as soluções mais adequadas e convenientes para seguir em frente.

De minha parte, tudo farei em prol da paz, segurança, da democracia e do desenvolvimento da nossa região e do fortalecimento da SADC.

A nossa Comunidade vai reforçar a luta contra a fome e a pobreza, contra as doenças endémicas e as pandemias como o HIV-SIDA e promoverá a igualdade no género, a ascensão de cada vez mais mulheres em postos de direcção, combatendo igualmente a violência doméstica.

Agradeço a confiança em mim depositada e reitero o sentimento de honra que experimentamos por Vossas Excelências estarem aqui presentes a compartilhar este momento tão marcante para os nossos destinos comuns.

Muito Obrigado!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Discurso de boas-vindas na abertura da 31ª Cimeira da SADC

SUA EXCELÊNCIA

HIFIKEPUNYE POHAMBA,

PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA NAMÍBIA E PRESIDENTE

EM EXERCÍCIO DA SADC,

SUA MAJESTADE

REI MSWATI III DO REINO DA SWAZILÂNDIA,

SUAS EXCELÊNCIAS

CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DOS PAÍSES

MEMBROS DA SADC,

DIGNÍSSIMOS MINISTROS E MEMBROS DO CONSELHO DE

MINISTROS DA SADC,

ILUSTRES CONVIDADOS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

Sentimo-nos honrados com a presença de Vossas Excelências, que muito nos engrandece, e esperamos que o calor humano e simpatia que vos dispensamos e as condições oferecidas estejam à altura dos sentimentos de fraternidade e amizade que têm para com o Povo angolano.

É com grande prazer que desejamos a Vossas Excelências os nossos melhores votos de boas-vindas.

Sentimo-nos lisonjeados por terem escolhido Luanda como sede desta Cimeira e tudo fizemos para que a vossa estadia seja o mais agradável possível, na expectativa de que tudo isto se venha a reflectir na qualidade dos trabalhos que vamos desenvolver.

O tema sobre o qual realizamos este nosso encontro é para nós demasiado significativo, pois trata-se de reconhecer a importância do desenvolvimento das infra-estruturas como garante da circulação de pessoas e bens e, concomitantemente, do desenvolvimento económico.

Permitam-me que diga que este foi o entendimento do Governo angolano há nove anos, quando pusemos fim à guerra e decidimos empreender um processo de reconciliação e de reconstrução nacional.

De facto, sem a harmonização dos espíritos e a recuperação e criação de novas infra-estruturas não seria possível assegurar a estabilidade e gerar novos postos de trabalho, pondo assim em causa o próprio processo de desenvolvimento.

Nestes termos, podemos afirmar que a criação de infra-estruturas é também um garante do processo de paz no interior de um Estado, pelo efeito multiplicador que tem no crescimento da economia, na distribuição da riqueza e na superação do desfasamento entre as diferentes áreas do país.

A título ilustrativo, podemos afirmar que recuperámos 3.982 quilómetros da rede básica de estradas; asfaltámos 6.699 quilómetros de estradas, estando em curso mais 1.743 quilómetros; reabilitámos 760 quilómetros de caminhos de ferro, estando em curso a reabilitação de mais 1.644 quilómetros; reconstruímos 250 pontes, construímos 121 e estão em curso de reabilitação mais 475; reabilitámos seis grandes barragens e construímos duas novas; reabilitámos e ampliámos oito postos de produção e transformação de energia eléctrica e construímos cinco subestações; reabilitámos cinco redes de transporte de energia eléctrica, construímos seis e temos cinco em construção e reabilitámos 15 redes de distribuição e construímos sete nas províncias do Kuando Kubango, Cunene e Lunda Norte.

Para além destas, foram construídas infra-estruturas sociais que permitiram o acesso de milhões de cidadãos à educação e à saúde.

Esperamos que esta Cimeira venha, de facto, a produzir os resultados esperados, por forma a que a nossa Comunidade possa beneficiar de um novo impulso que a projecte em definitivo na rota de um desenvolvimento sustentado e irreversível.

Cabe-nos a nós, que ontem levantamos a bandeira da liberdade contra a opressão, erguer hoje a bandeira da paz, da democracia e do desenvolvimento, sempre tendo no horizonte os interesses inalienáveis dos nossos Povos.

Muito Obrigado pela vossa atenção!

domingo, 13 de novembro de 2011

Discurso por ocasião da visita da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff

SUA EXCELÊNCIA DILMA ROUSSEF, PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,EXCELENTÍSSIMOS MEMBROS DAS DELEGAÇÕES ANGOLANA E BRASILEIRA, ILUSTRES CONVIDADOS, MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,


É para nós uma honra e um grande prazer receber Vossa Excelência entre nós, após a sua eleição para a mais alta magistratura do Brasil. Desejo-lhe, pois, em meu nome pessoal e em nome do Executivo e do povo angolano, as mais calorosas boas vindas.

Esta sua visita demonstra que continuamos a cultivar os laços fraternos e de amizade que unem os nossos dois povos irmãos e é mais uma confirmação da importância que ambos concedemos às nossas já excelentes relações bilaterais.

Apesar de existir desde 23 de Junho de 2010 uma Parceria Estratégica entre Angola e o Brasil, a nossa cooperação pode ser ainda mais alargada, bastando para tal definirem-se os mecanismos necessários para que ela abranja, para além das já existentes, outras áreas de interesse preferencial para ambos os países.

Entre as questões que adquirem maior relevância para nós, neste momento, inscrevem-se as definidas pelas Nações Unidas como ‘Metas do Milénio até 2015’, ou seja, erradicar a pobreza extrema e a fome, universalizar o ensino, valorizar o género, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater as grandes endemias, garantir a defesa sustentável do ambiente e criar parcerias para o desenvolvimento.

No discurso que há dois dias fiz no Parlamento, na abertura do novo Ano Legislativo, tive ocasião de referir os avanços concretos que temos estado a fazer em Angola para dar resposta a todas essas preocupações.

Todas elas dizem respeito a áreas em que já se regista uma cooperação importante com a República Federativa do Brasil, nomeadamente no domínio do ensino e da saúde, do combate à fome e à pobreza e das parcerias para o desenvolvimento, que se concentram em especial nas áreas da construção civil, da energia e da exploração mineira.

Continua, no entanto, a existir um mundo de potencialidades e de oportunidades a explorar, com benefícios mútuos, e a visita de Vossa Excelência é uma ocasião soberana para passarmos em revista todos os acordos que nos ligam desde 1980 e também para perspectivarmos o relançamento da nossa cooperação económica, técnico-científica e cultural.

Em particular a cooperação económica, financeira, comercial e de desenvolvimento permitir-nos-ia visar a prazo a integração produtiva das nossas duas economias e a sua melhor inserção competitiva ao nível internacional.

EXCELÊNCIA,

É para nós também de grande importância a concertação das nossas posições no plano político e diplomático, pois representa uma mais-valia podermos defender posições comuns sobre a necessidade de uma nova ordem mundial e sobre as grandes questões que ainda preocupam a Humanidade, como a fome e a pobreza, o terrorismo, os crimes e tráficos transfronteiriços, as alterações climáticas e as grandes endemias.

No quadro das organizações regionais em que os nossos países estão inseridos, temos adoptado uma política de cooperação pacífica, assente em valores democráticos e em economias abertas voltadas para o desenvolvimento.

Essa política é seguida pelos nossos dois países, é também o espírito que tem presidido à nossa cooperação no quadro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Como é do seu conhecimento, Angola apoiou desde o início e continua a apoiar a justa e legítima aspiração do Brasil de se tornar Membro Permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Essa seria uma possibilidade de se dar voz não apenas a um dos países com maior estabilidade e crescimento a nível mundial, mas também a um dos que tem vindo a dar um efectivo contributo para a solução de alguns dos principais problemas do mundo actual.

É disso prova não só a política do Brasil de boa vizinhança com os outros Estados da América Latina e o estreitamento de relações com o Continente Africano, mas também a recente disponibilidade manifestada pelo Brasil para ajudar a ultrapassar a profunda crise em que se encontram alguns países europeus.

A presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU seria igualmente uma garantia de uma melhor cooperação Sul-Sul e de que a voz de outros países emergentes, entre os quais Angola se inclui, seria também tomada em consideração na hora de se tomarem decisões de interesse global.

Sr Presidente, foi para nós um grande privilégio trabalhar consigo durante toda a manhã e estamos satisfeitos com os resultados das discussões profundas que decorreram, penso que com esta visita e com os resultados que alcançamos da o grande impulso ao estreitamento das relações de amizade, cooperação entre Angola e o Brasil.

Eu saúdo uma vez mais a sua presença entre nós e desejo que ela permita ter um conhecimento mais directo da nossa realidade e da hospitalidade do povo angolano.

Agora eu queria convidar a todos os presentes a erguerem as suas taças para desejar a Sua Excelência Dilma Roussef saúde, longa vida e muitos êxitos à frente dos destinos do Brasil.